Pastel de feira
Quando se mora muito tempo fora do Brasil (sei que o tempo é relativo, mas para mim, três anos já é muito tempo…), a tendência é ficar com saudades de várias comidas típicas da nossa terrinha, até mesmo aquelas que a gente não costumava comer quando morava no Brasil.
Nos últimos anos, os brasileiros de Londres já puderam matar a vontade de vários vícios, como arroz e feijão com farinha de mandioca, coxinha e até empadinha. Mas faltava um bom pastel, daqueles fresquinhos que comemos na feira, acompanhados de um caldo de cana. Como esta terra não é muito adequada para plantação de cana, o caldo ainda está faltando, mas o pastel chegou!
Não bastasse o pastel ser bom e relativamente barato (1 libra), ele é genuinamente de feira, já que a família do pasteleiro tem mais de 40 anos de tradição em feiras na região do Jabaquara, zona Sul de São Paulo. Além disso, a família do pasteleiro é japonesa e, pelo menos em São Paulo, os melhores pastéis de feira são feitos por japoneses.
O jovem pasteleiro veio para Londres para estudar e diz que o segredo da receita, guardado a sete chaves pela família, só foi repassado a ele pela mãe porque ela acreditava que em caso de necessidade no exterior o filho poderia se virar fazendo pastel. A confecção do salgado começou a ser feita apenas para amigos, que passaram a pedir pastel com cada vez mais frequência. O pasteleiro e a noiva resolveram começar a vender a iguaria, que fez o maior sucesso em uma feira de gastronomia em Londres (onde um pastelzinho de aperitivo era vendido a 4 libras (quase R$ 15!). O pasteleiro diz que já recebeu várias propostas para trabalhar em restaurantes, todas recusadas por ele. “O que eles querem é descobrir o segredo da receita…”, diz ele.
Ele diz que quando abriu o negócio no Nags Head Market, uma feirinha na esquina da Holloway Road com a Seven Sisters Road (no norte de Londres e, por sorte, perto da minha casa!), 90% de sua clientela era inglesa. “Eles custam a experimentar o primeiro, mas depois disso, voltam sempre.” Após um mês e meio de atividade, o público já é formado por 50% de brasileiros. O pasteleiro vende, em média, 70 pastéis por dia durante a semana e cerca de 400 nos dois dias do fim-de-semana. O trabalho não é fácil. São oito horas em pé em uma banquinha na feira (para amenizar o frio do inverno que está chegando, ele tem um aquecedor portátil atrás do balcão), além do tempo do preparo da massa, em casa.
Por enquanto, o pasteleiro oferece cinco sabores de pastel (queijo, pizza, carne, banana com canela e banana com Nutella), mas em breve ele deve oferecer também o pastel de palmito e o de frango com catupiry.
Pela qualidade do pastel, o jovem e a noiva têm um futuro promissor pela frente!
dzԳáDzDeixe seu comentário
Andrea: Pastel tornou-se um excelente negócio. Para quem vende e para quem consome. O hábito do pastel na feira livre tornou-se comum em muitas cidades brasileiras, embora existam também inúmeras pastelarias na área central, nos shoppings - e aqui em Presidente Prudente - até nos quiosques do Parque do Povo, a maior área de lazer da região. Eu me lembro dos tempos de estudante que não perdia a oportunidade de saborear os pastéis feitos na hora. Com recheio de carne, palmito, queijo e até ovo cozido, que eram feitos no Terminal Rodoviário de Santo Anastácio, uma cidade bem proxima daquí. Prestigiar a barraca dos nossos amigos nisseis, aí em Londres é uma boa alternativa. Por sinal das mais agradáveis, pelo menos para quem gosta de pastel...
Que bom,boa sorte para eles.
O Brasil tem muita coisa boa ainda.
Cara, não fala em pastel não. aqui em Sergipe, os pastéis são meio que ruins. To quase indo a Londres, pra testar o pastél daí!
Voce encontra pasteis em Londres em outros locais. Pelo menos um ja e tradicional, e funciona a uns 4 anos. E o Cafe Sabor Mineiro, bem perto da estacao de Willesden Junction (Bakerloo Line), que vende mais de duzentos pasteis por dia, alem de outros salgados e serve um buffet tipico mineiro. Alis, nessa regiao voce sente-se no Brasil, pode comprar produtos brasileiros: agua de coco, palmito, guarana, picanha e o que mais imaginar(pequi e gilo em conserva, por exemplo), ate mesmo roupas. E um, comercio muito bem estruturado. So nao tem caldo de cana...
Agora me diz qual é o nome do pastel em inglês?
Um pastel a 15 reais no Brasil não venderia! Mas se existe um segredo na fabricação do pastel, o negócio fica limitado a capacidade máxima dos donos fabricarem!
Ninguém acredita, mas na Lituânia eles fazem pastel! Chama "Tcheburnitska", ou algo assim. E eles comem junto com uma sopa insossa de salsinha.
Andrea,
Que boa dica você está dando. Quando morei em Londres era raro encontrar qualquer coisa (boa e nutritiva) a uma libra.
Falando em pastel, vou contar algo que me marcou profundamente.
Logo depois da inaguração de Brasilia, passei na chamada "Rodoviária Central" , onde todos ônibus na época se encontravam, pois não havia o Terminal Rodoviário atual. Sabem quem encontrei comendo um pastel e tomando caldo de cana? Nada menos que Juscelino Kubitscheck e o Embaixador Britânico!
Mas, o mais bizarro e surpreendente é que o Embaixador estava de fraque eCartola pois recem tinha saido de uma recepçao oficial com JK.E o Presidente, sempre com àquela simpatia, resolveu "mostrar um prato típico Candango" ( no seu dizer.. ) E, sem qualquer constrangimento, desceu com o Embaixador para o sub solo da Rodóviária, mandando buscar dois pasteis e dois caldos de cana...
Lógico que foi um reboliço! Correria de policia, de seguranças, buzinas, etc.,e uma multidão enorme presenciando a cena inedita . Ao sair, Juscelino olhou para a platéia e disse:
-"Pena que não tem uma pinguinha"!
O aplauso foi geral e a marca de simpatia de JK marcou profundamente minha mente
Outra coisa incrível me aconteceu a respeito de pastel e pastéis
Depois dessa do Juscelino, jamais acreditaria que um dia um pastel me causaria um outro espanto tão grande que marcaria profundamente minhas recordações e faria parte integrante dos arquétipos de meu Inconsciente
No final da década de 70, estive viajando pela Europa Oriental, região ainda dominada pelo Comunismo. Como professor e estudioso da Segunda guerra Mundial, notadamente o Holocausto Nazista,fui conhecer os restos do famoso campo de Concentração de Belzec, onde morreram quase 1 milhão de pessoas, notadamente judeus e ciganos. Pouca cousa restou desse campo de extermínio pois os Nazistas foram pródigos em destruir suas terríveis lembranças. Mas, neste campo se destacava ( não sei se ainda existe ) uma casa onde viveu o comandante do Campo, Cristian Wurf e, naturalmente, é objeto da curiosidade de turistas de todo o mundo, principalmente judeus. Quando fui levado pelo guia turístico polonês a conhecer tal local, me surpreendi com um polonês que vendia pastéis com palmitos BRASILEIROS na entrada da casa!
Perguntando ao guia, fiquei sabendo que este senhor pasteleiro era um brasileiro de origem polonesa que tinha voltado a sua pátria e, devido a um ótimo tino comercial, ganhava muito dinheiro vendendo pastéis para os curiosos que vinham na esperança de encontrar restos do horror nazista,.mas ficavam admirados pelo gosto suave do pastel brasileiro, principalmente do palmito de Santa Catarina
Pastel de feira não é uma tradição brasileira, é uma tradição Paulista!
Sou Paulista de Campinas e morando no Rio de Janeiro a trabalho. Sinto falta dos pasteis nas feiras livres! Aqui não há tantos descendentes de japoneses e nem feiras livres no estililo paulista.
Conversei com um mineiro de Alfenas e ele disse que também na terra dele não há relação entre feira e pastel!
Gostaria de entender por qual motivo vocês demoram tanto para atualizar este blog, visto que existem diversos autores. Péssimo, é uma vergonha. Um blog da ѿý deveria ter atualização diária, vocês são bem fraquinhos...
Olá, Andréa! Por incrível que possa parecer, saboreei um pastel extraordinariamente gostoso em Ponta de Areia, um lugarejo da ilha de Itaparica, em casa de um casal amigo apreciador do quitute.
Andrea,tudo bem? Saboreei pastéis extraordinários, em Itapoan, Salvador, Bahia. Veja, o Estado é o nicho de culinária com fortíssima influência africana. Acho que tem muito a ver com a qualidade dos produtos, sobretudo a massa.
Valeu a dica. Fui la hoje, e realmente e muito bom! Sucesso pra eles ! Pena que e meio longinho da minha casa, mas no problems, vale a ida !
Gostei muito do post, principalmente porque tenho dois sobrinhos que moram fora e de vez enquando nos ligam pedindo as delicias que só aqui temos. Ainda na semana passada inviei duas garrafas de guaraná para matar a saudade do pessoal de lá. Tenho também uma dica para que mora fora e quer fazer orçamentos de eletrôniicos e presentes de natal, é o site http:www.buscape.com.br, com dicas de presentes de natal.
çDz
Dúvido muito que esse pastel seja igual ao pastel aqui de São Paulo...mesmo porque os ingredientes são de lá. Morei em Londres e o sabor das coisas eram diferentes...tinha de temperar muito bem para ficar quase parecido se quisesse comer uma comida tipica brasileira. Mas como lá tem McDonald´s e queijos diversos, além do noddles indianos não passei sufoco.
Não só o pastel poderia ser exportado, poderia se tornar um bom negócio mas outras coisas como o nosso pão de queijo...mas digo com um plano para consumo em massa não apenas para os brasileiros...
adriano schmatz,são paulo é BRASIL..AGORA QUE UM PASTEL FEITO NO CAPRICHO FICA IMPOSSIVEL COMER UM SÓ
É UMA REALIDADE.BRASILEIRO TEM ISSO
DE SER CRIATIVO..LEGAL.
DEIXO OS GRINGOS PAGAREM 15 REAIS POR UM PASTEL,VOU NA FEIRA LIVRE EM MINHA CIDADE(DOURADOS MS)E COMO 6 POR ESTE PREÇO.LEGAL O PASTEL DAQUI É +GOSTOSO.
Bacana saber que se for para inglaterra poderei comer um bom pastel. As quintas tem uma feira na esquina do escritorio, em Curitiba, onde trabalho, sempre passo la para comprar de 10 a 15 pasteis compartilhados com os colegas ao custo de R$ 1,50. Temos de abrir todas as janelas depois para aliviar o cheiro de pastelaria que fica na sala. Para minha surpresa um dia em trabalho de campo em Londrina um amigo me ofereceu um pastel muito bom também. Coincidentemente a feira em Londrina e as quintas. Quem sabe o proximo passo seja comer um legitimo pastel londrino.
Agora por ultimo contrario o Adriano, pastel de feira nao e exclusivo de SP. Em varias cidades por onde andei ja comi muito pastel bom.
Que surpresa! Sou vizinho desta barraca e nao sabia. Vou la neste sabado!!
O pastel de feira ainda tem em Londres,no mesmo endereco 22 Seven Sisters Road,The Nags Head Market Unit.29,esta aberto de seg-sab.8:30 as 5:30 e dom.9-3.O sabor ainda e o mesmo e com mais opcoes de recheio.aguardamos por vc que mora em Londres.Agora somos PASTEL BRAZIL!!!
adorei o tema. estamos lançando em breve um concurso para resgate da memória de Brasília com histórias que passaram pela Pastelaria Viçosa da Rodoviária, como a que o miguel lenz escreveu. alguém teria outras a contar ? miguel, qual seu email ?