Quem precisa de peru?
Não bastou a Colombo ter descoberto as Américas e a pimenta. O grande navegador genovês a serviço da corte espanhola também nos trouxe o peru, a ave que na Europa viria a se consagrar como a grande pedida do Natal.
Colombo chegou a batizá-la de ‘galinha da Índia’, por acreditar que tinha descoberto as Índias. Aliás, o nome em francês poulet d’Inde deu na abreviação dinde, como o peru é conhecido até hoje na França.
E o nome em inglês turkey tem a ver com a Turquia, sim. No século 16, os ingleses (e europeus) confundiram o animal com tipos de galinha-d’angola vindos da África que entravam no continente através da Turquia, chamados de turkey fowl. A confusão foi desfeita mais tarde, mas o nome, abreviado para turkey, ficou.
O nome em português, peru, também resultou de uma confusão envolvendo o nome de um país. No século 16, acreditava-se em Portugal que a ave era importada do Peru, então colônia espanhola.
O fato é que, ao longo dos últimos três séculos, o peru foi dominando a ceia de Natal em tudo que é lugar, pelo menos no Ocidente. Na Grã-Bretanha, ele desbancou o ganso no século 19, e há acadêmicos que dizem que o sucesso do Conto de Natal, de Charles Dickens – quem não lembra do cardápio clássico na mesa dos Cratchit e de Ebenezer Scrooge, redimido, pedindo que um garoto na rua compre para ele ‘o maior peru’ do açougue local –, ajudou nisso.
Mas há bolsões de resistência ao domínio do galiforme ianque. Li no Independent nessa semana que vários países cristãos preferem peixes ou carnes cozidas.
Nos Bálcãs, come-se repolho recheado ou um cozido com carnes e repolho, e as sobras são aproveitadas por vários dias. Na Letônia, a ceia consiste em um cozido de porco com feijão e uma seleção de repolhos, tortas e salsichas. Na República Tcheca, serve-se carpa frita com salada de batata. Nas Filipinas , na noite do dia 24, a pedida é presunto acompanhado de queijo-bola e chocolate quente. Em Portugal, sabemos que Natal é época de bacalhau com batatas.
E chamem-me de francófilo, mas, na boa, nada bate o Natal à moda francesa, com ostras, patê de fígado e queijos. Eles comem peru, sim, mas ouvi relatos de que o que marca mesmo a gastronomia local nessa época de festas de fim de ano são as caixas e caixas de ostras expostas pelas ruas das cidades francesas.
Um Natal repleto de ostras. É o que desejo a vocês, caros leitores do ѿý à Mesa. Na próxima semana não teremos post – estarei preparando um pernil com Kartoffelknoedel.
dzԳáDzDeixe seu comentário
Não, obrigada, prefiro ficar com meu peru...
Prefiro comemorar o nascimento sem "mortes" e muito menos me alimentando do sofrimento dos animais! É lamentável como o ser humano ainda está impregnado de sangue animal - bárbaro - nós não precisamos disso para viver!
"SUA MISSÃO NESTE NATAL: NÃO MACHUCAR NINGUÉM!" www.vista-se.com.br
NÃO COMA O PRESÉPIO!!!
Os animais são meus amigos e não costumo comer meus amigos!!!
Prefiro bacalhau, peru é uma imposição colonialista anglo-americana, fruto do poder geopolitico de ambos, mas aqui no quintal do mundo Brasil, ainda temos essa opção mais saudavel e longe do maniqueísmo natalino.
Para todos Feliz Natal e boa alimentação saudável.
Opa, erro de digitação no terceiro parágrafo..."fiucou"