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Entre a cruz e a caldeirinha

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Iracema Sodre | 2008-04-10, 15:38

Na hora de ter filho, os brasileiros que vivem em Londres têm duas opções, nenhuma exatamente ideal. Podemos escolher ter o bebê no Brasil, um dos países onde mais se faz cesáreas no mundo, ou na Grã-Bretanha, onde se desencoraja a cirurgia mesmo quando a operação pouparia sofrimento.

Eu tive sorte. Meu parto, no Queen Elizabeth Hospital, em Londres, foi normal, sem anestesia (logo com muita dor), mas também sem traumas. Infelizmente, a experiência de muitas brasileiras que optam por ter seus filhos por estas bandas – ou são forçadas pelas circunstâncias - nem sempre é tão tranqüila.

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Aqui mesmo, na redação da ѿý Brasil, há histórias de partos complicados, que deixaram cicatrizes e memórias ruins, e que poderiam ter sido evitadas.

Entre os brasileiros, a fama do NHS, o sistema público de saúde britânico, é de que o tratamento nos hospitais é frio, as parteiras forçam a barra para que o parto seja normal e você, muitas vezes, não tem controle algum sobre o que vai acontecer.

Na minha opinião, várias das críticas são pertinentes. Só que a situação no Brasil, mesmo nos hospitais particulares, também não é essa maravilha toda, como algumas pessoas querem acreditar. Pelo menos não para quem gostaria de ter parto normal.

Várias amigas minhas, no Rio, São Paulo ou Brasília, escolheram obstetras que se diziam pró-parto normal e prometeram que fariam de tudo para evitar a cesárea, mas nunca as prepararam com dicas básicas sobre respiração, informação sobre os tipos de anestesia disponíveis e suas conseqüências, as fases do trabalho de parto etc.

E, no fim, adivinhem? Cesárea, claro. Rende mais para os médicos e anestesistas, é rápido e conveniente. Muitas vezes, as justificativas para a cirurgia (as pessoas esquecem, mas a cesárea é uma baita cirurgia) são completamente infundadas.

Então, para usar um ditado das antigas, estamos entre a cruz e a caldeirinha. Qual vocês preferem?

dzԳáDzDeixe seu comentário

  • 1. à 10:05 PM em 10 abr 2008, Fernanda Wink escreveu:


    Tenho 25 anos;casada e não tenho filhos.Sou a favor do parto normal, dizem que a recuperação é mais rápida e sofre menos após o parto.Pretendo ter meu filho(quando chegar minha hora)com o parto normal.Mas,dizem também por eu ser baixinha e o meu marido muito alto talvez aconteça o contrario.Na minha opinião esse tipo de informação é apenas especilação.

  • 2. à 09:30 AM em 11 abr 2008, Carlos Mellinger escreveu:

    O tema é interessante, mas deixou de abordar o principal ponto de escolha: a situação imigratória da gestante.
    Da maneira como está escrito parece que o texto está dirigido a uma minoria de pessoas que considerão apenas os pontos colocado como fatores de escolha, o que não corresponde à realidade de nossa comunidade em Londres.
    Em consideração ao texto, propriamente dito, pode-se também interpretar que o baixo número de cesáreas aqui seja apenas com intuito de promover economia para o Estado.
    De qualquer forma, ponto polêmico, bem levantado pela Iracema.

  • 3. à 11:07 AM em 11 abr 2008, Jose Eduardo Curti escreveu:

    E muito comum, ouvir dentro da comunidade brasileira que o sistema de saude britanico e ruim, que no Brasil a medicina e melhor. Porem, existe um problema nessa afirmacao; comparam o servico publico daqui com a medicina particular do Brasil. O NHS tem problemas, e claro, mas no geral funciona bem. Muito melhor que o SUS (acho que o nome ainda e esse). Nao se pode esquecer a gratuidade do sistema, onde nao se paga consultas,internacoes, exames, mesmo os mais sofisticados e em mutos casos os remedios. Criancas ate 16 anos nao pagam remedios e pessoas acima de 65 anos tambem nao pagam. Tambem, recebem remedios de graca os desempregados as pessoas com baixa renda e etc. Alem disso, o sistema e muito simples: a pessoa pega sua receita, entra na primeira farmacia que aparecer e pega o seu remedio, sem filas, burocracia ou centrais de distribuicao que nunca tem os remedios basicos.
    Pra quem quiser, e puder, existe tambem a medicina privada, onde voce e mais paparicado o servico de hotelaria dos hospitais e melhor, e custa tao caro quanto no Brasil.

  • 4. à 04:21 PM em 11 abr 2008, Cecy escreveu:

    Todas as minhas conhecidas que tiveram filhos no exterior, são unânimes em afirmar que tiveram experiências traumáticas na hora do parto. Uma delas, que teve filho na Alemanha, ficou tão traumatizada que não pode sequer ouvir falar em gravidez. A outra, que teve o seu parto em Paris, jurou que não passaria mais por tal situação, ou seja, mesmo em Paris, a experiência não foi das melhores. Tanto que quando a conheci na Romênia, ela me relatou na época, que não estava apreensiva com seu parto de ser realizado em Bucareste. Particularmente, acho que no fundo, apesar de todas afirmarem que preferem o parto natural à cesárea, é pura balela. O sofrimento e a dor insuportável do parto normal é tamanho, que alguns hospitais chegam a aplicar algum tipo de medicamento, a fim de diminuir a dor do trabalho de parto que pode durar mais de 30 horas. É lógico que é mais cômodo para ambas as partes encurtar esse sofrimento desnecessário já que existe a cesárea. Normalmente, a cesárea é o expediente mais usado no Brasil nas maternidades particulares das grandes capitais, pura e simplismente, porque as pacientes tem recursos financeiros para a cirurgia, o mesmo não acontece nos hospitais e maternidades públicas no Brasil, onde as pacientes se "estribucham" no trabalho de parto, tanto quanto as européias nos seus países em hospitais públicos. O tratamento é considerado frio pelas brasileiras, porque não tem nenhuma enfermeira alisando as suas cabeças ou apertando as suas mãos, ou seja o tratamento é igual à todos, sem diferenças, coisa impensável no Brasil.

  • 5. à 11:59 PM em 12 abr 2008, ԳܲԳçã escreveu:

    Alguns médicos no Brasil preferem fazer cesárea(no SUS mesmo)porque é uma cirurgia e por isso paga melhor do que o parto normal.

  • 6. à 05:08 AM em 13 abr 2008, Miguel Lenz escreveu:

    O problema, minha cara, ´e antigo e não existe solução à vista. Primeiro, todos dizem que parto normal é melhor, mas, pergunte a qualquer menina de l6 anos (idade media de primeiras puerperais no Brasil ) se ela o quer? Lógico que vai dizer que não! Segundo, parto cesário no Brasil virou indústria e das mais bem remuneradas, sendo assim, é incentivado pelos médicos, mesmo que não façam propaganda dele
    Já a assistência humanizada durante o trabalho de parto significa oferecer as mulheres o direito de um atendimento enfatizado em suas necessidades. Tal atendimento consiste em acolher a parturiente , oferecer um ambiente propicio e seguro, respeitar sua individualidade, permitir a presença de um acompanhante e atentar-se a técnicas naturais

    Devim et. Al ( 2007 ) relatam que garantir a assistência humanizada à mulher durante o trabalho de parto, parto e pós parto imediato ao nível hospitalar , é um dos objetivos segundo as Diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) .Tendo como referencia, à melhores ações Mas, isso tudo fica mais na teoria do que na prática, pois o parto humanizado requer toda uma infra estrutura de atendimento que somente em países mais ricos é possível....e pagando!

    Enfim, a questão do parto para a mulher continua baseado na velha premissa: “sofrer ou não sofrer, eis a questão”.Não tem outra saída. Para o segundo caso, somente não querendo ter filhos

  • 7. à 09:14 PM em 20 jun 2008, Carla Beatriz escreveu:

    Oá Iracema,

    Escrevi um post no meu blog a respeito de teu texto sobre as opções de parto das mulheres brasileiras em Londres.

    Aguardo tua visita e teus comentários!

    Beijos

  • 8. à 09:16 PM em 20 jun 2008, Carla Beatriz escreveu:

    Prezado Miguel,

    Discordo de você: eu SEMPRE quis ter meus filhos de parto normal desde a mais tenra idade.

    Eu tive meus dois filhos de parto normal e não tive medo da dor ou do sofrimento. A gente sofre ao fazer depilação, ao ter cólicas menstruais, ao fazer escova nos cabelos ... Sofrer para ter um filho é algo muito mais belo e sublime.

  • 9. à 02:52 PM em 23 jun 2008, Carla Beatriz escreveu:

    "Devim et. Al ( 2007 ) relatam que garantir a assistência humanizada à mulher durante o trabalho de parto, parto e pós parto imediato ao nível hospitalar , é um dos objetivos segundo as Diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) .Tendo como referencia, à melhores ações Mas, isso tudo fica mais na teoria do que na prática, pois o parto humanizado requer toda uma infra estrutura de atendimento que somente em países mais ricos é possível....e pagando!"

    Miguel, novamente vou discordar de você: no Rio e São Paulo, há as Casas de Parto, atendidas pelo SUS, onde as mulheres têm uma assistência humanizada durante o trabalho de parto, parto e pós-parto e SEM pagar nada!
    Eu tive meus dois filhos de parto humanizado aqui no Brasil, mas tive que pagar por esse atendimento especializado. Mesmo assim, esse atendimento é possível e EXISTE sim aqui no Brasil! É só pesquisar que se encontrarão profissionais humanizados.

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