Cinco dias em Paris
Passei cinco dias em Paris, de férias. Como qualquer ‘foodie’ faria, tinha planos de explorar restaurantes, mercados, supermercados e até de cozinhar no apartamento alugado, afinal, não é todo dia que se tem a chance de cozinhar em Paris.
O primeiro revés foi constatar que a libra, coitada, não está valendo nada e que tudo ali é muito mais caro. Até queijo francês eu encontro mais barato aqui em Londres. E recomendo muito cuidado para quem gosta de uma cervejinha. Em um café no Quartier Latin, que não era metido à besta, muito pelo contrário, paguei 8,5 euros (R$ 20) por um copo de cerveja. Depois vi que é assim na cidade inteira, pelo menos na região central. Deve ser um complô para obrigar os turistas a beber vinho.
O segundo foi o azar na escolha dos restaurantes. Um deles, escolhido a dedo por sua cara de bistrô típico e simpático, não servia jantar e, por falta de opção, fomos parar num restaurante japonês – aliás, fiquei surpreso com a quantidade de restaurantes japoneses na cidade.
O outro, que deveria sediar a comilança derradeira antes de embarcar de volta para casa no Eurostar, só servia comida depois das 19h00, o que só descobri tarde demais.
O terceiro revés veio na visita ao é mais perto do apartamento, lá no 19º arrondissement, um mercado coberto que devia estar em reforma e só tinha duas bancas, uma de frutas e uma de peças para carros (!).
E o quarto foi a visita ao Quai des Jemmapes, uma 'dica secreta' indicada em um siteque parecia ser de confiança. O 'quai', localizado na margem direitado Canal de St Martin, supostamenteabriga uma espécie de novo polo de restaurantes e cafés da cidade,umaalternativa para quem quer distância damuvucado Quartier Latin ou de outros locais de grande apelo turístico.
Encontrei dois ou três bares ali, bem caídos, um fiasco. Uma experiênciabem diferente da visita à RueMouffetard, perto do Panthéon, uma rua cheia de vida, cor, lojas legais e um leque considerável de patisseries (docerias) e restaurantes.
E assim eu entro nospontos positivos. Tivemos, sim, um jantar em um restaurante típico, indicado por uma francesa, com o nome prosaico de A la Biére, perto da sede do Partido Comunista Francês, projetada por Oscar Niemeyer.
Tive a impressão de ser o único turista no local. O restaurante, barato, estava lotado, comemos muito bem - pedi um steak tartare - e a noite foi um grande alto astral.
Visitei quitandas, peixarias, açougues e cafésencantadoresnos arredores de Montmartre.
Outra boa recordação foi a de quando fritei bifes em casa, afinal, eram bifes comprados num açougue de Paris.
E, o melhor, nada como ter três boulangeries (padarias) perto de casa. Todo dia eu ia de manhã comprar baguettes e croissants quentinhos.
Conheci uma baguette, a flute au levain, que deve ser o pão mais gostoso que comi na vida, uma baguette de cor mais escura,massa levemente azeda e consistência de pão rústico.
Francês sabe das coisas. Cada parisiense tem sempre perto de casa uma padaria, um açougue, um mercado ou uma feira, um café, um restaurante e uma estação de metrô.
Em Londres, infelizmente, a coisa não é bem assim.