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O rumo incerto do minicab

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Pablo Uchoa | 2007-10-19, 13:22

Sabe lá que caminhos você vai percorrer quando entra em um minicab aqui em Londres.

Essa modalidade de táxi é talvez a mais utilizada por pobres mortais que vivemos na capital britânica e nem sempre podemos pagar o valor cobrado por um táxi preto, este que é, por sua vez, quase uma instituição londrina.

taxis203.jpg

Ser motorista de ‘black cab’ requer muito estudo, e os testes são rigorosíssimos. Os examinadores exigem que candidatos conheçam itinerários tortuosos nesta cidade onde a palavra “ordem” não descreve propriamente o traçado das ruas.

Sem tantos requerimentos, dirigir minicabs ficou uma baba com esses sistemas GPS, de navegação por satélite, que hoje em dia estão por toda parte.

O problema é que, automático, o sistema nem sempre sugere o caminho mais curto.

As duas retas que compõem o itinerário de minha casa, em Stoke Newington, até o prédio da ѿý já viraram inúmeros círculos, quadrados, zigue-zagues.

Às 5h40 da manhã (esse é o horário em que um infeliz sai de casa quando está escalado para o primeiro turno da redação), já levei quarenta minutos para chegar até aqui – normalmente levaria quinze. Precisaria desse mesmo tempo para percorrer o mesmo trecho fazendo cooper.

Mas grande parte dos condutores de minicabs com quem cruzei são imigrantes, muitos, refugiados tentando refazer sua vida na Inglaterra. Expatriado, sou solidário.

Um deles havia sido dono de uma oficina mecânica na África, e tinha o sonho de um dia abrir uma por aqui para converter em flexíveis motores movidos a um só combustível. Queria saber dos planos do presidente Lula para seu continente.

Em duas ocasiões diferentes, ajudei dois motoristas de primeira viagem a chegar até o metrô de Holborn. Um deles me disse, orgulhoso, que encomendara seu cobiçado GPS e o receberia no dia seguinte.

Sentado no banco de trás, tive a impressão de que seus olhos brilharam. Como se ele se desse conta do capítulo duro que se encerrava em sua vida, e do novo, mais esperançoso, que se iniciava.

Naquele dia, não sei quantos minutos levamos para chegar. Certamente mais do que o necessário. Mas afinal, diante da longa jornada dele, o que eram dez ou vinte minutos a mais na minha?

dzԳáDzDeixe seu comentário

  • 1. à 03:51 PM em 20 out 2007, Jose Eduardo Curti escreveu:

    Black cab de Heathrow ate minha casa, com o motorista dando a volta no mundo. Sem estar perdido, deliberadamente: £60. Minha casa ate Heathrow, de mini cab, com um paquistanes, que mal fala ingles: £20.

  • 2. à 02:02 AM em 21 out 2007, joão áquila escreveu:

    Não faço idéia do que é andar de taxi em Lodres, mas deve ser "chique".
    çDz!

  • 3. à 12:00 AM em 23 out 2007, joão áquila escreveu:

    Eu não faço idéia do que seja andar de taxi em Londres, com certeza é bem melhor do que andar de táxi aqui no Brasil!

  • 4. à 03:17 PM em 28 out 2007, Miguel Lenz escreveu:


    Andar de taxi em Londres ´é "pop"; no Brasil, "hop-by-hop" (salto por salto), seja pelas péssimas ruas que trafegam, seja pela insegurança que leva o coração do usuário a um "hop,hop" constante.
    Um amigo meu, assaltado dentro de um taxi PELO MOTORISTA!, descreveu esse "hop, hop" constante: "É como voce estar na entrada da câmara de morte de Auschwitz: sabe que vai ter de entrar, mas não sabe como vai sair, ou pelo chaminé, ou pela porta de recolhimento dos mortos...!"
    Ou seja, a única verdade é que voce está em eminente perigo´...
    Sorte de um país em que um taxi pode servir de adendo turístico.

  • 5. à 03:08 AM em 30 out 2007, Monique Casas Martinez escreveu:

    Andar de táxi em Londres é bacana,você pode ver as paisagens,as ruas históricas,ou fazer um passeio pelo roteiro descrito no "Código Da Vinci". No Brasil é diferente...se você estiver no Rio de Janeiro,pode fazer um passeio de táxi pelos pontos turísticos da cidade mais conhecidos : Complexo do Alemão;Favela da Rocinha entre outros e se conseguir sair vivo pode ir ver o Cristo Redentor e "CocaBacana".

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